Por José Joacir dos Santos
O ambiente em que vivemos constrói, molda, o que pensamos, compreendemos, interagimos e reagimos. Uma simples análise no comportamento de indivíduos ou grupos radicais, fechados, fanáticos, religiosos ao extremo, é possível predizer comportamentos, reações extremas diante de fatos da vida real. Indivíduos que não tomam banho diariamente, que não usam perfumes, óleos essenciais, incensos, que não convivem com as diferenças, que vivem em ambientes pequenos, barulhentos, pintados de cal, com grades e outras manifestações de medo do mundo lá fora tendem a ter raciocínio curto, lento. Ficam vulneráveis a opiniões contrárias. Não toleram a diferença. A vista também encurta. Bombardeado com a repetição desinformações o cérebro diminui, a visão se deteriora e o nível de violência e insatisfação internas, consigo mesmo e com o mundo, cresce rápido.
Para entender bem do que estamos falando, uma pergunta: por que os templários foram extintos? Este artigo não pretende cobrir todos os aspectos deste assunto porque ele é vasto. Mas, para o leitor compreender, os templários foram criados pelo Vaticano (Ordem do Templo foi fundada em 1128 durante o Concílio de Troyes por Hugo Peyens e Geoffrey de Saint-Omer), com a pretensão de proteger (contra muçulmanos e criminosos sem religião) os peregrinos que viajavam, a cavalo e a pé, para Jerusalém, especialmente cristãos. Naquela época, para Igreja de Roma, quem não era cristão era contra deus. Havia e ainda há outras religiões e seitas cristãs que pregavam o mesmo: quem não é da nossa religião é contra Deus. Deus não é exclusividade de ninguém na face do Planet Terra.
O sistema ideológico dos templários funcionou no início, mas a ordem se deteriorou com o fanatismo religioso de grande parte dos seus membros, e acabou virando uma organização paramilitar com bandeiras religiosas, fanáticas. Os templários foram deixados sem supervisão, cada um decidindo o que fazer por si mesmo, passaram a interpretar, individualmente, normas e regras religiosas recebidas para beneficiar a si mesmo, como o fazem muitos pastores evangélicos e padres católicos. O resultado dessa indisciplina não poderia ser outro: fanatismo religioso.
Ao se tornarem fanáticos, os templários passaram a saquear, matar, estuprar homens e mulheres e a escravizá-los para o uso individual, inclusive sexual. Várias pesquisas históricas apontam para o fato de que eles escondiam tesouros roubados dos cidadãos e das vilas onde passavam, além de destruírem qualquer evidência de seus crimes. Muitos dos templários passaram a se relacionar sexualmente apenas com homens, sem nomear essa atividade como homossexualidade. Suas práticas eram violentas e longe do que hoje se chama homossexualismo. O vandalismo chegou a tal ponto que o Vaticano ordenou o fim da instituição (Clemente V, o rei Felipe IV, manda prender os cavaleiros templários e confiscar seus bens em 13 de outubro de 1307).
Voltando para o objetivo deste artigo que é falar da diminuição cerebral de pensar com clareza devido à maneira de viver do indivíduo, havia muitas ordens religiosas que pregavam o isolamento em celas, anteriores à criação da Ordem dos Frades Menores, conhecida como franciscanismo, em homenagem a São Francisco de Assim. Esta ordem foi fundada em 1210 por Inocêncio III, contudo só foi confirmada a 29 de Setembro de 1223, por Honório III. Outras ordens já praticavam a reclusão antes do franciscanismo. A ordem dos Jesuítas foi criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola e foi oficialmente reconhecida pela Igreja a partir do papa Paulo III em 1540. Na história do budismo há muitos exemplos de monges que se isolaram em cavernas com a pretensão de atingir a iluminação e morreram banguelos, sem cabelo, com sinais de problemas mentais e de obsessão espiritual. Os que se salvaram do adoecimento mental foram aqueles que deixaram as celas depois de um tempo dedicado à contemplação e ao isolamento.
Sem entrar no mérito da obra de São Francisco de Assis, especialmente para o tempo em que viveu, o frade faleceu completamente cego em 02/04/1507. Por que um homem tão iluminado morreu cego? A pobreza não ilumina e nem é saudável. Causa mais sofrimento do que a falsa ideologia de que a riqueza leva ao fogo do inferno. O universo astral nos abençoa com a prosperidade e a abundância porque sabe da fragilidade do corpo físico humano. A junção da carne com o espírito eterno necessita, imensamente, de vários benefícios propiciados pela natureza e pela vida saudável com tudo o que ela pode nos propiciar.
Viver bem significa morar bem, em ambiente pacifico e festivo, rodeado pela exuberância da natureza: florestas, rios, pássaros, mares, peixes, insetos, oxigênio, ausência de poluição e violência. Por que guetos e favelas são focos de violência e crime? Por que quase toda favela tem esgotos correndo pelas ruas? Certas políticas governamentais de armamento, prometendo segurança, provoca o contrário: ódio, violência, assassinatos, destruição, mortes desnecessárias e fora do tempo. Os templários obrigavam às famílias a ceder um dos filhos homens para o movimento que eles expandiam dentro e fora da Europa, especialmente jovens fortes, corpulentos e bonitos…, Mas nem sempre isso ocorria de forma amigável.
São Francisco pregou a pobreza em clara resposta á vida de opulência que sua família vivia e que ele pensava que poderia ser diferente. Ao se tornar monge, foi agraciado, nos primeiros momentos, pela beleza da pureza do coração e a simplicidade da natureza. Atraiu para si vários indivíduos, homens e mulheres, que coadunavam com a beleza desse ato de exaltação ao amor pregado por Jesus, vivendo na simplicidade e na pobreza. Mas, isso não demorou muito a ser contaminado. Eles fugiam de uma realidade para entrar numa fantasia.
A ordem atraiu também toda classe de inconformado com a vida, de jovens que não queriam seguir suas famílias na ideologia de armas e guerras a aqueles que fugiam de seus próprios conflitos, inclusive a homossexualidade. Um grande exemplo disso foi Santo Antônio, que mais tarde se tornou Santo Antônio de Pádua (em homenagem à cidade italiana de Pádua). Santo Antônio entrou para o convento com 15 anos de idade e na ebulição de sua adolescência sofreu muito bullying e assédio sexual porque tinha atributos físicos da masculinidade maiores que a maioria de seus conterrâneos. Com medo e sem apoio, decidiu se dedicar a Deus e conseguiu viver boa parte de sua vida ao que achava que estava fazendo.
Francisco segurou todo o peso de sua iniciativa enquanto pode. Expandiu seu pensamento pela Europa ao mesmo tempo que Clara, uma bela jovem admiradora, expandia a mesma ideologia religiosa entre mulheres e fundava conventos, muitos deles com a proibição de que as monjas tivessem contatos externos. Viveu em um tempo em que ser homem significava casamento arranjado para fortalecer a fortuna das famílias ou a vida militar das infindáveis guerras por território e domínio. Muitos jovens “diferentes” seguiram a trilha religiosa católica de conventos e ordens religiosas. Muita gente fugiu para o Novo Mundo (Américas). Não havia outra opção. A Grande maioria não tinha vocação, queria fugir de alguma coisa. Para não variam, começam a aparecer os aproveitares de situações, como ocorreu com a vinda dos portugueses para o Brasil e dos espanhóis para o resto das Américas. Como cito em meu livro Prazer entre Homens, o primeiro bispo católico designado para o Brasil acabou sendo morto e devorado por canibais. Era extremamente preconceituoso e odiava os indígenas brasileiros. Muitos religiosos vieram para o Brasil para acumular riqueza pessoal.
Uma das falhas do projeto de São Francisco foi o controle sacerdotal, carregado de moralismo, que se refletia nas freguesias, paróquias e comunidades. A clausura, a pobreza, a renúncia aos prazeres da vida, como tomar banho de sol, o medo do fogo do inferno e dos supostos castigos de Deus aterrorizam populações inteiras, por séculos. Pequenos prazeres da vida alimentam o cérebro de criatividade, alegria, rejuvenescimento. Os religiosos que eram enclausurados envelheciam mais rápido, adoeciam, a vista ficava curto pela ausência suficiente de luz. Perdiam a capacidade de raciocinar com clareza, de lidar com a vida real, com o mundo exterior, e o discernimento. Estudos apontam para esse mesmo fato ocorre com prisioneiros. A partir de um ano enclausurados, prisioneiros começam a perder a capacidade de ver a vida com clareza. Quartos minúsculos, com pouca luminosidade e ar fresco adoecem os corpos físico, mental, emocional e espiritual.
Fanáticos religiosos cristãos ou de qualquer outra religião, que se limitam à leitura de um só livro religioso, também perdem a capacidade de lidar com diferenças sociais. A neurologia diz que o cérebro necessita de vários tipos de excitação, como a cultura variada, para ter saúde. O fanatismo vira uma bola de ódio capaz de incendiar e matar. A restrição dos prazeres da vida, incluindo a de hábitos saudáveis como tomar banho diário, ouvir música, dançar, tomar um copo de vinho, usar perfumes, apreciar óleos essenciais, contribui para o recrudescimento mental. É fácil verificar isso nas multidões das ruas. Pessoas fanáticas tem hábitos de vestimentas antigos, tentam encobrir o corpo física, desprezam a aparência, usam cores escuras, escondem os cabelos da cabeça, discriminam pessoas pela cor, raça, sexualidade, religião e hábitos sociais das diversas etnias. Líderes religiosos investidos nesse retrocesso humano incentivam o ódio com objetivos eleitoreiros e são capazes de apostar na falsa necessidade de armas e munições.
