Por José Joacir dos Santos, mestre do sistema Reiki Usui Tradicional
Quando a Terapia Reiki começou a se firmar no Brasil, a partir de 2004, ainda nas mãos de poucos mestres, o país convivia com ameaças contra as terapias chamadas de holísticas. O presidente Lula tinha apenas um ano de governo (2003-2004). Havia a esperança de que ele mudasse o rumo das terapias no país e ele mudou. O novo Ministério da Saúde deixou de ajudar na perseguição aos terapeutas holísticos, chamados de charlatões por órgãos corporativos da classe médica. Muitos médicos discordavam daquilo, mas nada podiam fazer. A AMETEREIKI foi fundada e registrada em 2004, depois de muitas tentativas fracassadas porque os cartórios em Brasilia temiam registrar o que eles pensavam estar fazendo contra a poderosa classe médica, cheia de deputados e senadores.
Se isso ocorria em Brasilia, imagine no resto do Brasil! Sim, havia um sindicato em São Paulo que fazia o outro lado da moeda dos grupos corporativos. Com a pretensão de “proteger” os terapeutas holísticos, aquele órgão cobrava taxas altíssimas de filiação e na prática não fazia nada para enfrentar os “donos” da saúde. Frequentemente terapeutas eram acusados pelo órgão de classe dos médicos de charlatões. Nossas ervas medicinais eram tidas com perigosíssimas, que tem risco ou ameaça, que pode causar danos!
O presidente Lula começou a reforçar, com portarias bem fundamentadas juridicamente, as pastas que cuidavam das terapias holísticas no Ministério da Saúde. Aos poucos, com visitas discretas de membros da AMETEREIKI e da ASTEFLOR ao Ministério da Saúde a gente ficou sabendo que nem todos os funcionários do Ministério da Saúde eram contra as terapias holísticas, como se pensava. Eles apenas não tinham o conhecimento suficiente e o Brasil ainda vivia sob o império diversos carteis, inclusive o das editoras que só publicavam livros de autores estrangeiros, mas nada sobre terapias holísticas, em um país onde o povo, por natureza, é conectado ao holismo, ‘a energia, crenças diversas e práticas milenares. Além do conhecimento popular, trazido pelos imigrantes europeus e enraizado nas famílias brasileiras, o Brasil já tinha cerca de 305 etnias indígenas, comprovadas pelo Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cada etnia cultiva suas tradições holísticas, anteriores `a chegada dos europeus no continente Sul-Americano, quem não sabe disso?
Terapeutas viajavam pelo Brasil e para o exterior para se aprimorar. Depois das formações, a gente ministrava cursos com apostilas, com referências estrangeiras porque eram raros os livros, no nosso idioma, que fossem publicados por escritores e pesquisadores brasileiros. Ainda hoje as editoras brasileiras priorizam os autores estrangeiros e as cópias mal traduzidas de alguns livros fora da nossa realidade.
As informações que chegavam pelos livros estrangeiros e por terapeutas que tinham viajado ao exterior nem sempre eram acuradas. A maioria daquelas informações vinham dos Estados Unidos, que naquela época as pessoas tendiam a acreditar que tudo que vinha de lá era seguro e verdadeiro. E não era. Quando você questionava, as pessoas ficavam brabas, citavam nomes famosos, mas a grande maioria delas se baseava em conteúdo traduzido. Poucos terapeutas falavam ou liam em inglês. Importar livros também era uma briga contra a alfândega brasileira. A ASTEFLOR teve uma verdadeira batalha para defender uma terapeutas que tinha importado Florais de Bach, até que a ANVISA teve a coragem de dizer que florais não pertenciam ao leque de assuntos daquela pasta.
O melhor exemplo é o da Terapia Reiki. Os valores cobrados pelos cursos e iniciações por mestres estrangeiros era altíssimo. Era coisa da elite endinheirada de São Paulo. Aos poucos começaram a aparecer “mestres” formados em viagem de 15 dias aos EUA. Nenhum daqueles mestres queria entrar em conflito e denunciar que entre os seus compatriotas havia os falsários. Investi profundamente nas minhas pesquisas fora do Brasil, ao vivo e em cores, até começar a descobrir que, sim, havia os falsários e eles já tinham filiais espalhadas pelo Brasil.
Alguns alunos de mestrado e mestres estadunidenses também começaram a alertar para a distorção do conhecimento da Terapia Reiki. Sim, uma maçã podre não foi completamente removida do balaio da Mestra Takata. Não se sabe por que a Mestra assinou o certificado de mestrado da aluna Iris Ishikuro. O que se sabe, com base nas pesquisas feitas por mestres estadunidenses é que Ishikuro pulou todas as cercas da ética e, assim, atraiu para si pessoas com as mesmas intenções. Um de seus alunos, ambicioso financeiramente, quebrou o protocolo da Terapia Reiki, distorcendo práticas e conhecimentos. Sem compreender os fundamentos básicos dos ensinamentos da Terapia Reiki vindos do Japão, e por sua vez de outras partes da Ásia como o Tibete, o aluno de Ishikuro, chamado Arthur Robertson, inventou, a partir de 1980, símbolos e um suposto sistema intitulado de Raku Kei Reiki, que foi traduzido no Brasil como Reiki Usui Tradicional e Tibetano. Ele já tinha copiado símbolos dos nativos do Havai, sem muita repercussão.
Logo no início dos anos 1980, Arthur Robertson enfrentou grande pressão interna, nos EUA, mas o seu feito já tinha se espalhado não só pelo Brasil, mas por outros países latinos. O que ele não sabia é que, fazendo o que fez, ele quebrou também a linhagem, que é um dos princípios básicos da Terapia Reiki. Isto é, quem quer que tenha sido “iniciado” no sistema de Arthur Robertson não foi iniciado em Reiki. Foi iniciado na energia dele, Arthur Robertson. Reiki é um sistema solar e a energia solar requer tradição, conhecimento, hierarquia, linhagem. Os filhos do Sol pertencem ‘a mesma linhagem, há milênios. Não é que alguns são melhores que outros ou escolhidos. É uma questão física. A energia da iniciação em Reiki é presencial e honra a linhagem. Antes de falecer, ele teria confessado para sua filha que o que fez foi errado. Mas, foi tarde demais! Quem não conhece a história do anjo (que não pronunciamos o nome) que foi expulso do paraíso por quebrar as regras da linhagem dos filhos do Sol?
Muito do material inventado por Robertson ainda paira na mesa de mestres brasileiros como o símbolo Raku, copiado por ele não se sabe de onde. Pesquisas mostram que ele já tinha copiado símbolos usados por nativos do Havaí, como fizeram outros personagens que foram processados na justiça estadunidense — os inventores do sistema Karuna. O Raku também era visto na lapela dos uniformes dos soldados de Hitler, nos postes de luz de alguns países para orientar os transeuntes que naquele lugar onde está desenhado tem fios de luz elétrica. Muitos outros sistemas inventados e chamados de Reiki carregam esse estigma da dobradinha Iris Ishikuro x Arthur Robertson. Essa confusão em nada ajudou as terapias holísticas. Poucos países do mundo tiveram a sorte do Brasil, onde as terapias holísticas são legalizadas e até implementadas no maior sistema de saúde pública do mundo, o SUS. Se você ainda pratica o chamado Reiki Usui Tradicional e Tibetano, como eu pratiquei antes de ter o conhecimento acima escrito, é hora de ser reciclado no Reiki Usui Tradicional. Quando descobri isso, procurei a verdadeira fonte do Reiki Tradicional e fui iniciado por três mestres naquele sistema, inclusive no mestrado.
O Reiki Tradicional como ensinado pela Mestra Takata é constituído de:
– Três níveis – I, II (II A) e mestrado (quatro níveis) – todos os niveis presenciais, inclusive reciclagens
– Um simbolo no nível I e 3 símbolos no nível 2
– Três símbolos (do nível II) mais 1 símbolo no mestrado
– Quatro iniciações em cada nível até o mestrado
– Linhagem adicionada ao aluno desde o nível 1
– Os cinco princípios ou preceitos do Reiki
– 12 posições básicas de aplicação do Reiki
– Posições específicas para certos tratamentos
03/01/2025