Por José Joacir dos Santos
O Mestre Reiki Tadao Yamaguchi diz, em seu livro “Light on the origins of Reiki” que aprendeu uma nova postura sobre o comportamento dos ocidentais com o Mestre Frank Arjava. Ele diz que o japonês não está acostumado a olhar nos olhos das pessoas quando fala nem a fazer perguntas a um mestre como os ocidentais fazem, e ele teve que seguir as orientações de Arjava para poder dar cursos para ocidentais, tanto no Japão quanto fora dele. Ele chama sua maneira de ensinar de Jikiden Reiki, que significa Reiki Verdadeiro, porque a linhagem dele vem do Mestre Hayashi, o mesmo que iniciou a Mestre Takata, isto é, a mesma fonte. Isso põe por terra algumas fantasias, por exemplo, de que o Reiki vindo de mestres japoneses seria diferente e melhor do que o Reiki vindo de Takata – será resquício do preconceito contra mulheres? Se Hayashi se empenhou para ensinar Takata, por que o Reiki da Takata seria inferior? – essa é uma contradição do Mestre Yamaguchi. A diferença do ensino fica por conta do que os mestres acrescentam de si mesmo, como eu dou aula ensinando conceitos da Medicina Chinesa. Será que eu deveria registrar um método chamado joacir chin chin, o verdadeiro? O Mestre Arjava é discípulo de Yamaguchi, da mãe dele, patrocina as viagens de Yamaguchi ao exterior e chama o trabalho dele de “Reiki Dharma” – no Budismo, Dharma significa o dia-a-dia, a vida real, no chão, na terra. Não é um novo sistema de Reiki.
Ele admite que se o Reiki não tivesse saído do Japão, através da dupla Hayashi-Takata, hoje essa valiosa técnica de saúde pública estaria morta no próprio Japão, que sofre da mesma falta de autoestima do brasileiro, isto é, tudo que vem de fora é melhor do que o que temos (que besteira!), e isso é ainda trauma de guerra porque o Japão saiu derrotado na II Guerra Mundial e teve que conviver com as exigências norte-americanas de “vencedor”. Os americanos levaram para o Japão seus próprios traumas e impuseram o mais famoso: não me toque! Assim, as terapias holísticas foram proibidas no Japão pelos americanos, logo depois da guerra, inclusive acupuntura, e dai vem aquela história de aplicar energia sem tocar na pessoa, como é praticado por seitas como Mahikari, Messiânica, todas primas distantes do Reiki, mas mais próximas do Xintoísmo. Os acupunturistas brigaram e venceram, mas ninguém foi socorreu as demais terapias. Por isso que a massagem japonesa perdeu espaço para a chinesa e a coreana.
Yamaguchi diz que o japonês vai às montanhas e pequenas capelas Xintoístas fazer seus agradecimentos a Kami, a força da vida; casa em igrejas católicas porque é bonita a cerimônia; e quando morre alguém da família a cerimônia é feita em templo budista. Ele é a terceira geração de mestres depois de Mikao Usui, como eu, e foi iniciado pela mãe, que despertou para Reiki ainda menor de idade mas que manteve a técnica dentro dos limites das atividades domésticas até voltar da Manchúria, depois da guerra. Ele recomenda a leitura do Manual de Reiki do Mestre Hayashi porque tem fotografia das posições de aplicação de Reiki – Segundo o meu Mestre John Gray, aluno de Takata, existem posições básicas mas na hora do tratamento o reikiano segue sua intuição já que a energia é inteligente e sabe onde há a necessidade – o aluno dos níveis um e dois precisa praticar com as posições ensinadas nos cursos para poder trabalhar os chácras. Não é a necessidade que “puxa” a energia, é a energia quem sabe onde há a necessidade. As posições básicas criam o ambiente propício para despertá-lo da necessidade de cura das demais partes do corpo, da mente e do espírito.
Yamaguchi confirma que Mikao Usui aprendeu técnicas de várias fontes antes de se tornar celibatário para a preparação dos 21 dias no Monte Kurama e que ao chamar os seus principais alunos para o treinamento Shihan ele já sabia que teria pouco tempo de vida porque uma pessoa quando atinge a iluminação tem muito pouco a fazer nesta vida. Uma das técnicas teria sido “An-Jin Ryu-Mei”, praticada por monges Zen Budistas, que significa: “o estado de completa paz mental”. Enfatiza a importância de ser recitado o Gokai pelo reikiano porque as palavras escolhidas para os Cinco Princípios, em japonês, têm a força de mantras e devem ser recitadas na posição Gassho, que é praticado no Xintoísmo, especialmente quando alguém vai se dirigir a Kami, a força da vida. O monge Xintoísta não utiliza a palavra mantra, que é tibetana, mas sim “kotodama”, isto é, a força da palavra.
Kami não é Deus, como nós concebemos Deus. Muitos ocidentais até pensam que Deus é homem. Para os japoneses, Kami não tem imagem de homem ou de mulher, é a força vital que você sente no cheio dos campos, das matas, dos rios, do mar, das tardes ensolaradas, do calor do fogo. Reiki é uma das técnicas energéticas solares, isto é, vindas do Sol Central. Segundo Yamaguchi, o Mestre Mikao Usui, depois que se tornou iluminado no Monte Kurama, chamou o seu método de “Shin-Shin Kai-Zen Usui Reiki Ryo-Ho”, que traduzido significa Reiki Usui, Método de Tratamento e Melhoria do Corpo e da Mente. A palavra “melhoria” não é bem apropriada mas dá a idéia, poderia ser “ajuste”. A importância do livro de Tadao Yamaguchi é pacificar. Dá mais segurança a tudo que a Mestra Takata ensinou e reafirma a necessidade do reikiano se dedicar às práticas e ao trabalho de cura, dentro do que ele já tem nas mãos. Tudo o que a Mestra de Yamaguchi tinha escrito, inclusive o certificado dado por Hayashi, se perdeu na confusão da saída dos estrangeiros da Manchúria, em barcos lotados. Ele também diz que perdeu os seus escritos nessa viagem mas depois que chegou ao Japão descobriu que o diamante mais precioso e tudo o que precisava para cumprir sua missão de disseminar o Reiki estava contido em suas mãos e isso ninguém tira. Nas gravações que a Mestra Takata deixou com meu mestre John Gray ela diz: Reiki ensina!
José Joacir dos Santos é também presidente da Associação dos Mestres e Terapeutas Reiki